por Marcos Elias
Mais um relato sobre como eu melhorei radicalmente na compreensão de inglês nos últimos anos. Ainda estou aprendendo, fato, a gente sempre está! Mas perto de 5 anos, muita coisa mudou… A chave do que me fez mudar está aqui, e só parei pra pensar depois que tudo ocorreu.
Um dos maiores erros que estudantes de idiomas como segunda linguagem têm é a pressa: o desespero, a pressa, a sensação de querer saber o quanto antes. Com isso muitas vezes acabam gastando rios de dinheiro, estudam tanta coisa e no final não aprendem nada.
Se você está aprendendo inglês, ou qualquer idioma que seja, não tenha pressa. Tenha metas, objetivos, lute para alcançá-las, mas seja realista. Não queira dar um passo maior do que a perna. A fluência não virá em 2 nem 3 meses, não virá num passe de mágica. Você não vai aprender uma língua decorando listas de verbos, frases, palavras isoladas…
Você precisa se jogar no mundo do idioma alvo. Mude sua vida para o idioma, tente se aproximar, esteja exposto!
Estar exposto ao idioma alvo e observar atentamente as coisas que você conseguir entender vai ser mais eficiente do que decorar listas de palavras fora de contexto, que no outro dia você não vai utilizar, e talvez na semana que vem também não, nem na outra…
Antes de sair desesperado comprando livros e cursos, tente estipular um objetivo alcançável.
Você pode não conseguir dominar inglês para negócios em duas semanas, talvez não consiga falar de política, da situação econômica, nem de formas de combate ao câncer e melhorias de vida. Mas certamente se focar em um tema mais limitado e restrito, de preferência que você goste, as chances de sucesso serão muito maiores!
No meu caso, quando estudava sem objetivos eu demorava muito para aprender e entender as coisas. Por anos foi assim! Estudava to be, verbos, preposições, plural, artigos… No final montava frases meio robóticas, sem conseguir expressar ideias. Diante de um texto em inglês eu me perdia todo: não conseguia entender muita coisa lida, em vídeo e áudio muito menos.
A coisa mudou completamente depois que passei a escrever para um site de tecnologia, o Guia do Hardware.NET. É um site nacional, com textos em português, e eu já blogava em português. Escrevendo matérias para o site eu precisei ter mais contato com sites internacionais para puxar as notícias direto das fontes: press releases de empresas, sites de notícias estrangeiros, etc. Eu acabei, mesmo que sem querer, ficando mais exposto ao idioma.
Se antes de entrar no GdH eu entendia 30% de um texto em inglês (isso lá para 2006), depois que fiquei fixo no site eu passei a entender uns 80, 90% de textos técnicos. Basicamente as palavras que eu já dominava ficaram ainda mais fixas na minha mente, e novas palavras e expressões iam surgindo. Junto com outros estudos, nada tão forçado, chegou no ponto em que eu acompanhava conferências e keynotes ao vivo (via web, não cheguei a viajar rs), compreendendo praticamente 100% do que era passado. Apresentações da Apple, Microsoft, Google… E assim escrevia (sem traduzir, escrevendo do zero) para o site com base na palestra. Ganhando tempo, sem precisar que outras pessoas traduzissem para mim.
O trabalho no site ajudou, mas não foi planejado. Não pensei “vou aprender inglês para trabalhar”. Eu sempre gostei do idioma desde os primeiros contatos, nem sei explicar o motivo. Gostar de inglês por si só me ajudou muito, afinal se eu não gostasse (há quem odeie) seria muito mais difícil aprender. Passo isso com espanhol: é um idioma interessante, tem uma base de falantes muito grande pelo mundo, mas eu tenho uma rejeição ou bloqueio ao espanhol. Não consigo gostar do idioma, da fonética, do jeito com o qual montam as expressões, dos sotaques… Não sei explicar o motivo, mas não tenho o menor interesse em aprender espanhol. Talvez a aparente proximidade com o português seja a grande vilã, já que lendo um texto tenho a sensação de entender quase tudo, então acho que não preciso estudá-lo hehe (embora isso não seja verdade em muitos casos; ter a sensação não quer dizer que tenha entendido!).
Ao fazer parte do GdH minha exposição ao inglês aumentou, e curti, pois eu passei a ver coisas que eu já gostava independente do idioma: tecnologia, software, hardware, sistemas operacionais, programação, tutoriais… Tudo relacionado a PCs.
Essa “especialização” me ajudou profundamente no inglês. Eu me dediquei a consumir conteúdo que gostava, e como ele estava em inglês, automaticamente melhorei no inglês!
É o que sugiro a todo mundo. Foque em alguma coisa. Não tente aprender um inglês (ou outra língua) que não tenha aparente serventia ou utilidade para você, que não te dê prazer… Aprenda com coisas que você gosta. Treine, leia, ouça. Quanto mais você estiver exposto ao idioma, com tempo e sem pressa, melhor!
Não precisa ficar vendo notícias chatas na TV, não precisa necessariamente ver coisas de informática. Veja coisas que você curte!
Gosta de religião? Eu não sou religioso, mas muita gente é apegada a alguma ideologia ou fé. Pesquisando coisas sobre sua religião na internet provavelmente você vai achar textos, áudios e vídeos que lhe agradarão! Consuma-os todos! Em vez de estudar listas de verbos, leia um livro religioso no idioma que você está estudando. Será mais útil!
Nós, seres humanos, gostamos de ser recompensados por alguma coisa. Quando algo é gostoso, nos dá prazer, sentimos uma satisfação enorme. Pelo contrário, quando temos que fazer algo que não gostamos, sentimos nojo, repulsa, rejeição! Estudar tabelas de palavras, listas de verbos, gramática, eeeeeeca! Se você encarar coisas chatas como obrigação, vai acabar largando os estudos de inglês mais cedo ou mais tarde. Mesmo que estude e termine, sem ter prazer você não estará aproveitando ao máximo.
Por isso minha recomendação, depois de anos de estudo por conta, é justamente esta: estude algo que lhe dê prazer.
No meu caso coisas de tecnologia, transporte público, ônibus, games… No seu só você que sabe, né?! Citei como exemplo religião, mas poderia ser qualquer outra coisa! Culinária, experimente ver receitas em inglês, tente acompanhá-las! Gosta de animais? Veja artigos e sites relacionados aos cuidados e tratamento de animais! Gosta de crianças e planejamento familiar? Certamente há muito material sobre isso em inglês, claro, adpatado às culturas de cada lugar.
No final você não vai saber um inglês geral, mas vai dominar um inglês do seu nicho. Pronto! A língua é a mesma, depois estudar outras coisas e ler outros textos, consumir outros tipos de conteúdos, ficará mil vezes mais fácil.
Eu me foquei demais em tecnologia, hoje entendo de 95 a 100% de todos os tutoriais que assisto, palestras, vídeos, etc. Porém, num debate sobre política ou um filme policial eu entendo pouco, perdendo muitas expressões.
Pelo lado ruim eu poderia ser pessimista e dizer que não funcionou: porra, eu não sei inglês :( Se vejo um discurso do Obama, identifico várias palavras mas perco várias outras. Nem sempre consigo acompanhar a ideia de um diálogo em filme ou série.
Pelo lado bom, minha vida mudou completamente! Em tecnologia, muita coisa que sei sobre programação e modelagem 3D (veja alguns dos meus modelos 3D aqui ^^) eu aprendi vendo coisas em inglês! O foco não era aprender inglês, mas aprender Blender, aprender a configurar servidores Linux, aprender a criar jogos para Android em Unity… Coisas que eram úteis para mim e que me davam prazer ao serem atingidas! Inglês foi só o meio de chegar até elas mais rápido.
Enfim, me focando em uma coisa eu aprendi mais inglês do que se não tivesse me focado em nada!
Se você tentar aprender tudo de uma vez, especialmente rápido, no final pode acabar não conseguindo aprender é nada!
Pode não ser fácil consumir conteúdo em inglês no começo, isso é para quem já tem uma base de palavras básicas (talvez umas 100, 200, mil palavras?). Se você não tem, comece agora mesmo a aprender inglês do zero aqui! :D Depois que conseguir identificar palavras em textos e entender o que eles dizem, você já terá tido um enorme avanço. Mesmo sem entender todas as palavras. Não é necessário entender todas! Nem no português entendemos tudo! Quantas vezes não perdemos alguma palavra que alguém falou rápido na televisão, mas mesmo assim entendemos 100% do que a pessoa quis dizer?! Fluência é isso, você deve entender e se comunicar bem, mas não precisa ser uma enciclopédia nem um dicionário ambulante.
Obrigado Alves! O site ficou parado por um bom tempo, mas enfim agora posto regularmente, que bom ver que gostou!
Parabéns, meu amigo! Li seu e gostei de suas “tips and curiosity” Thanks a lot!